sexta-feira, 20 de junho de 2008

Pensando em Fé

Fé é “estar possuído por aquilo que nos toca incondicionalmente”. No entanto, todo ato de fé vem acompanhado de dúvida, posto que o infinito é experimentado por um ser finito.
Em algumas versões do capítulo 11 versículo 1 da carta aos hebreus, encontramos a seguinte tradução: “a fé é a certeza das coisas que se esperam”. Há um erro nesta tradução. A palavra grega que aparece traduzida como certeza é hupóstases, que significa natureza substancial, realidade ou essência. A fé, portanto, é a natureza substancial de tudo o que se espera, e não uma bússola de certezas.
Aqueles que consideram a fé como uma fonte de certezas, eu afirmo que a fé é “cega”. Explico-me:
1) Na carta aos coríntios o apóstolo Paulo afirma: “vivemos por fé e não por vista” (2 Coríntios 5:7). A visão “limita” a vida, condiciona a existência ao mundo real, observável… Diametralmente oposta, a fé quer lançar-se em Deus, no Mistério, no Ser, no Intangível e Infinito.2) O desconhecido autor da carta aos hebreus parece concordar com minha tese sobre a cegueira da fé. Disse ele: “fé é a prova das coisas que não se vêem” (Hebreus 11:1). 3)Até mesmo Jesus de Nazaré pensava assim, pois para Ele os felizes são aqueles que não precisam ver pra crer (João 20:29).
A visão, notoriamente, é um importante sentido. Com ela percebemos o mundo a nossa volta. Contudo, no universo da fé a visão é totalmente descartada. A fé não precisa da visão para se orientar, pois ela não quer enxergar, quer simplesmente crer. A fé como disse Kikegaard é “um salto no escuro”. Portanto, fé não é vida de certezas, fé é vida de coragem. É hora de pular…

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