sexta-feira, 20 de junho de 2008

O silêncio profético



"Quem tem ouvido, ouça o que o Espírito diz às Igrejas!" (Apocalipse, 3.22) A atividade dos Profetas no Antigo Testamento apontava para a corrupção da religião, da política e da justiça. O povo de Deus preferia ouvir as profecias da mentira à verdade que exige mudanças. Então os profetas eram apedrejados... mortos... esquecidos... por quê? Porque a verdade que exige mudança é dura de ser ouvida... é melhor fazer calar os profetas do que atender à verdade de Deus e mudar as atitudes! A partir do século XVI, a cristandade passou a ter uma outra visão como opção de vida. Até então, a pregação era: "temos que viver e nos conformar com a pobreza e as necessidades pelas quais passamos aqui na terra, e manter no coração a esperança nas riquezas que nos esperam no céu". Um grande legado do Calvinismo*, por exemplo, foi a idéia de que a missão da Igreja contemporânea é - também - trazer para a realidade terrena, o máximo possível, as características da vida futura que teremos no céu (trazer um pouco do céu para a terra). A realidade é que temos vivido, como igreja, séculos e séculos de vida cristã contemplativa, vertical, dando excessiva prioridade à espera da segunda vinda de Jesus, e esquecendo de enxergar o homem e o mundo – o homem inserido no mundo - horizontalmente, como o próprio Cristo nos ordenou. A Igreja tem perdido sua voz profética porque tem pregado a mensagem que todos querem ouvir... a mensagem que não aponta erros, que não traz à tona os nossos pecados e omissões. Somos quantos evangélicos no mundo? E isso tem feito diferença? Há menos pobres? Menos favelas? Menos crianças nas ruas? Menos mortandade, menos miséria, menos doenças? As prostitutas, os publicanos* e pecadores encontram lugares em nossas Igrejas? A Igreja de Jesus tinha lugar para todos estes e outros que, via de regra, nunca entram nas nossas... estamos mais preocupados com a religião do sucesso e da prosperidade do que com a genuína transformação espiritual que agrada a Deus - "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: Que pratiques a Justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus"... É mais do que chegada a hora de nos livrarmos da "favela" dos nossos corações, e reacender a chama do amor e da compaixão pela dor, sofrimento e necessidades dos nossos irmãos. Que o Senhor nos guie nessa jornada!

Um comentário:

Anônimo disse...

que Deus tenha misericordia de nós.
Realmente nas minhas meditações sem
pre tenho falado que infelizmente a
nossa ígreja tem pregado muito sobbre amor mas tem vivido muito
pouco..não estamos preparados para
receber alguns tipos de pessoas e
que ao meu ver devem ser merecedo
ras do nosso amor e atenção. Entre
elas: o mendigo,o viciado em drogas
em bebida alcoólica,a prostituta, o
homosexual..como a irmã bem indagou
será que temos feito diferença nes
te mundo tão sofrido? onde está a
luz que devemos ser?